terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Retornando.

     Depois de dar um tempo durante o mês de janeiro, que foi importante para colocar as atividades profissionais em dia, entramos no mês de fevereiro com o fim do recesso da Câmara de Vereadores e muitos temas para dar prosseguimento.
     Começaremos de forma mais leve, com um assunto de terras distantes, mas importante para a população mundial. O post a seguir é um texto do Reinaldo Azevedo, referente à falsa democracia que se esconde nos eventos recentes, como a queda do ditador egípcio Mubarak.

Essa tal democracia. Ou: eleição não é sinônimo de civilização; é preciso mais

Algumas coisas me dão, assim, certa preguicinha… Mas eu jamais me furto a explicar o que penso, vocês sabem. Uns bobinhos me acusam de má vontade com a “revolução espontânea” do Egito. Eu só digo que inexistem revoluções espontâneas — a não ser nos textos do Arnaldo Jabor. Também acho um cretinismo esse papo de revolta promovida pelo Facebook ou pelo Twitter. Mais ainda: penso que nenhuma situação é ruim o bastante que não possa piorar. Pessimista? Não! Só realista.
A Irmandade Muçulmana disse que vai criar um partido no Egito e disputar eleições — o que ela já faz hoje, na clandestinidade. Já leram o ideário dos moços, que não foi mudado? Eles querem um governo regido pelas leis do Islã. Sendo assim, a democracia lhes será apenas um instrumento, não um objetivo. Adiante.
Exibem-me os protestos no Irã como um sinal de que o mundo muçulmano — cuidado com sites e blogs que chamam os iranianos de “árabes”; eles são persas! — está vivendo uma espécie de convulsão democrática. Muito antes dessa “revolta do mundo árabe”, a oposição iraniana dava sinais de vida. Pessoas morreram contra a eleição fraudada que concedeu um novo mandato a Ahmadinejad, o “meu querido” de Lula. Hoje, no Parlamento iraniano, os governistas gritavam a plenos pulmões contra as oposições e pediam que seus líderes fossem executados.
Aquela gente foi eleita. Mecanismos de consulta democrática não implicam a existência de uma democracia, que é mais do que essa formalidade. Ela também implica um conjunto de valores. Entre eles, é preciso compreender que a minoria legitima a maioria; que ser derrotado nas urnas não impõe a renúncia a seus propósitos. É bem verdade que até o Brasil tem perdido isso de vista.
O que estou dizendo é que a gritaria dos parlamentares governistas do Irã para que os oposicionistas sejam executados vai AO encontro das minhas preocupações no que diz respeito ao Egito, não DE encontro. Sem o VALOR DEMOCRÁTICO, o mecanismo pode ser apenas uma forma de legitimar a barbárie, como bem sabem os vários fascismos — inclusive o fascismo islâmico que vigora no Irã.
Por Reinaldo Azevedo
Fonte: http://www.veja.com.br/

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